30 de janeiro de 2010

O Vaso de 2 mil dólares (por Victor Lambertucci)

O Vaso de 2 mil dólares
                                          Victor Lambertucci




   Não deve haver muita discordância se eu disser que as pessoas estão sempre a procura de algo que elas consideram ser melhor. Contudo existe uma grande diferença entre luxo e conforto. Pense na sala da sua casa. Você está prestes a escolher o sofá, ao qual você vai passar boa parte da sua vida sentado, vendo televisão - segundo o IBGE um homem, de mais ou menos 70 anos de idade, passou quase 15 anos de sua vida em frente ao aparelho. Na hora de selecionar o seu estofado, você tem milhares de opções: cores diferenciadas, estilo, marca, modelo. Agora, você tem que se decidir. Você leva o que lhe pareceu mais confortável, ou o que possa causar inveja a quem visite sua sala?

   Quem sai de uma concecionária de automóveis com o último lançamento não vai guardar o carro na garagem e ficar namorando às escondidas o motor turbinado, o som MP3 de alta potência, as quatro rodas cromadas e mais um infinito de utilitários de última geração; a primeira coisa que esse alguém vai querer fazer é dar uma volta por toda cidade. Em alta velocidade, para que digam: -"Nossa, você viu a velocidade daquele carro?", ou até, "- Você viu aquele carro?".  Ou, bem devagarzinho, para que todos a volta parem e admirem o seu possante.

   Já com um vaso sanitário, a história é um pouco diferente, ou você vai levar todo mundo pra fazer as necessidades na sua casa, só para verem seu banheiro super moderno? Talvez, alguns de vocês tenham respondido positivamente, não sei. Mas imagine só: um vaso com um painel de controle cheio de botões. Não sei se foram os chineses ou japoneses, mas alguém já inventou. Pense só na facilidade. Você não precisa mais encher suas mãos de bactérias, nem ao menos mexê-las. O vaso eletrônico faz tudo por você. Aperte apenas um certo botão e o chuveirinho automaticamente higieniza o seu... o seu trazeiro.

   Conforto ou luxo? Uma geladeira com dispenser d'água; se você não tiver um outro a poucos metros de distância, ainda vai. Um refrigerador com televisão na porta, não é preciso nem comentar. Não há nada de errado em querer sempre o melhor, mas é que nem sempre o melhor é o mais caro. Você, com certeza, já ouviu essa frase, mas já pensou sobre ela?

P.S.: Sobre o vaso de 2 mil dólares, tenho que admitir, não sei se é esse o seu valor, talvez mais, ou um pouquinho menos, de qualquer forma, o ser humano é tão preguiçoso que foi capaz de inventar um limpador de  trazeiros automático e, pode acreditar, muitos gastarão 2 mil dólares por esse luxo.

 


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